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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Quando se trata de segurança, não há liberdade

O grande Millôr Fernandes costumava dizer que "imprensa é sempre oposição".

Hoje, vemos que o negócio não é bem assim. Seja no Brasil (com a Veja no período FHC e a Carta Capital no (des)governo Lula), seja em Israel. Sim, em Israel. País que não passa um dia sequer sem reverenciar a liberdade de imprensa, a possibilidade de denunciar escândalos políticos, muitos deles de teor sexual.

Mas quando o assunto é a famigerada "segurança nacional", tudo mudo de figura.

Convido os judeus-mega-ultra-defensores de Israel a lerem o texto do jornalista israelense Yonathan Mendel, publicado em português pela revista Piauí em Maio de 2008 (link abaixo).

A paranóia do discurso da segurança em Israel é gigantesco. Vence eleições e derruba governos. Nesse contexto, a conduta da imprensa é questionada.

O texto de Mendel contempla as melhores definições e análises sobre a imprensa israelense que já encontrei. Escrito por um israelense, a resenha mostra e exemplifica características implícitas nos jornais de Israel, principalmente em termos de vocabulário.


Algumas dessas características explicadas:


- Em todas as matérias, é sempre o "nós" (Exército) contra o "eles".

- Quando os palestinos não fazem alegações, seu ponto de vista simplesmente não é ouvido.
- O Exército israelense nunca mata ninguém intencionalmente, muito menos comete homicídio. Quando mata, "um palestino foi atingido".
- As Forças de Defesa de Israel, tal como são mostradas na mídia israelense, têm outra estranha capacidade: a de nunca iniciar ou decidir um ataque, nem de lançar uma operação. As FDI simplesmente respondem.

- As Forças de Defesa de Israel, num outro motivo de inveja para todos os outros Exércitos, matam só as pessoas mais importantes, do alto escalão.

- Israel nunca seqüestra. Israel detém.

- Não há "ocupação". Não existem "territórios ocupados". Existem apenas "territórios". ("Schtachim")

- Toques de recolher, prisões, cercos e tiros não interessam à imprensa israelense. Resistência significa terrorismo.



Resumindo, Mendel destaca que "quando se trata de 'segurança', não há liberdade". E quem afirma é um israelense. Não um árabe, não um inglês louco antissemita, não um membro do PSTU.



Antes de atirarem paus e pedras no pobre Bean, leiam o artigo completo. É só clicar AQUI!

4 comentários:

André 4 de agosto de 2009 às 11:49  

Sem paus nem pedras. Apenas para dizer que, em Israel, assim como em todos os países do mundo e independentemente do grau de liberdade de imprensa, toda a imprensa é parcial. Inclusive a israelense.
Tudo dito por esse jornalista israelense é verdade (ou pelo menos, assim parece).
E, mais, é importante que essa parcialidade nos seja relembrada com alguma frequência.
O jornal imprime o que ele acha que o público quer ler, pois a empresa jornalística tem que sobreviver e ter lucro.
O jornal manipula as notícias para atender aos seus próprios interesses (políticos, ideológicos ou outros menos confessáveis) e/ou ao do seus leitores.
Não discordo, em absoluto, com suas colocações a respeito e, inclusive, elogio por vc ter distinguido entre o dito por esse jornalista e "um árabe, um inglês louco antissemita e um membro do PSTU".
Mas reclamar que a imprensa israelense (ou de qualquer outra nacionalidade) é parcial, com o devido respeito, é para mim o mesmo que reclamar que a chuva molha. Ou que as pauladas e pedradas que você teme tomar machuquem caso ocorram. hehehe.

Carlos Reiss 4 de agosto de 2009 às 15:06  

O que discuto não é a parcialidade ou não. Imprensa é parcial até em futebol.

O que discuto é a questão da segurança x liberdade. O que o Millôr dizia, que imprensa é sempre oposição, sofre um impacto muito grande com esse discurso paranóico da segurança.

Como eu disse, não é questão de ser parcial ou nao. A questão é sentir-se inibido socialmente em ser oposição nessas questões que envolvem "segurança nacional".

André 5 de agosto de 2009 às 05:42  

Inteiramente de acordo.

Rato 10 de agosto de 2009 às 14:30  

Eu me sinto inibido para zoar durante assunto um tanto sério. Reservo-me o direito de guardar meu comentário para post mais descontraído.

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