Quando se trata de segurança, não há liberdade
O grande Millôr Fernandes costumava dizer que "imprensa é sempre oposição".
A paranóia do discurso da segurança em Israel é gigantesco. Vence eleições e derruba governos. Nesse contexto, a conduta da imprensa é questionada.
O texto de Mendel contempla as melhores definições e análises sobre a imprensa israelense que já encontrei. Escrito por um israelense, a resenha mostra e exemplifica características implícitas nos jornais de Israel, principalmente em termos de vocabulário.
Algumas dessas características explicadas:
- Em todas as matérias, é sempre o "nós" (Exército) contra o "eles".
- Quando os palestinos não fazem alegações, seu ponto de vista simplesmente não é ouvido.
- O Exército israelense nunca mata ninguém intencionalmente, muito menos comete homicídio. Quando mata, "um palestino foi atingido".
- As Forças de Defesa de Israel, tal como são mostradas na mídia israelense, têm outra estranha capacidade: a de nunca iniciar ou decidir um ataque, nem de lançar uma operação. As FDI simplesmente respondem.
- As Forças de Defesa de Israel, num outro motivo de inveja para todos os outros Exércitos, matam só as pessoas mais importantes, do alto escalão.
- Israel nunca seqüestra. Israel detém.
- Não há "ocupação". Não existem "territórios ocupados". Existem apenas "territórios". ("Schtachim")
- Toques de recolher, prisões, cercos e tiros não interessam à imprensa israelense. Resistência significa terrorismo.
Resumindo, Mendel destaca que "quando se trata de 'segurança', não há liberdade". E quem afirma é um israelense. Não um árabe, não um inglês louco antissemita, não um membro do PSTU.
Antes de atirarem paus e pedras no pobre Bean, leiam o artigo completo. É só clicar AQUI!
4 comentários:
Sem paus nem pedras. Apenas para dizer que, em Israel, assim como em todos os países do mundo e independentemente do grau de liberdade de imprensa, toda a imprensa é parcial. Inclusive a israelense.
Tudo dito por esse jornalista israelense é verdade (ou pelo menos, assim parece).
E, mais, é importante que essa parcialidade nos seja relembrada com alguma frequência.
O jornal imprime o que ele acha que o público quer ler, pois a empresa jornalística tem que sobreviver e ter lucro.
O jornal manipula as notícias para atender aos seus próprios interesses (políticos, ideológicos ou outros menos confessáveis) e/ou ao do seus leitores.
Não discordo, em absoluto, com suas colocações a respeito e, inclusive, elogio por vc ter distinguido entre o dito por esse jornalista e "um árabe, um inglês louco antissemita e um membro do PSTU".
Mas reclamar que a imprensa israelense (ou de qualquer outra nacionalidade) é parcial, com o devido respeito, é para mim o mesmo que reclamar que a chuva molha. Ou que as pauladas e pedradas que você teme tomar machuquem caso ocorram. hehehe.
O que discuto não é a parcialidade ou não. Imprensa é parcial até em futebol.
O que discuto é a questão da segurança x liberdade. O que o Millôr dizia, que imprensa é sempre oposição, sofre um impacto muito grande com esse discurso paranóico da segurança.
Como eu disse, não é questão de ser parcial ou nao. A questão é sentir-se inibido socialmente em ser oposição nessas questões que envolvem "segurança nacional".
Inteiramente de acordo.
Eu me sinto inibido para zoar durante assunto um tanto sério. Reservo-me o direito de guardar meu comentário para post mais descontraído.
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