O grande Millôr Fernandes costumava dizer que "imprensa é sempre oposição".
Hoje, vemos que o negócio não é bem assim. Seja no Brasil (com a Veja no período FHC e a Carta Capital no (des)governo Lula), seja em Israel. Sim, em Israel. País que não passa um dia sequer sem reverenciar a liberdade de imprensa, a possibilidade de denunciar escândalos políticos, muitos deles de teor sexual.
Mas quando o assunto é a famigerada "segurança nacional", tudo mudo de figura.

Convido os judeus-mega-ultra-defensores de Israel a lerem o texto do
jornalista israelense Yonathan Mendel, publicado em português pela revista Piauí em Maio de 2008 (link abaixo).
A paranóia do discurso da segurança em Israel é gigantesco. Vence eleições e derruba governos. Nesse contexto, a conduta da imprensa é questionada.
O texto de Mendel contempla as melhores definições e análises sobre a imprensa israelense que já encontrei. Escrito por um israelense, a resenha mostra e exemplifica características implícitas nos jornais de Israel, principalmente em termos de vocabulário.
Algumas dessas características explicadas:
- Em todas as matérias, é sempre o "nós" (Exército) contra o "eles".
- Quando os palestinos não fazem alegações, seu ponto de vista simplesmente não é ouvido.
- O Exército israelense nunca mata ninguém intencionalmente, muito menos comete homicídio. Quando mata, "um palestino foi atingido".
- As Forças de Defesa de Israel, tal como são mostradas na mídia israelense, têm outra estranha capacidade: a de nunca iniciar ou decidir um ataque, nem de lançar uma operação. As FDI simplesmente respondem.
- As Forças de Defesa de Israel, num outro motivo de inveja para todos os outros Exércitos, matam só as pessoas mais importantes, do alto escalão.
- Israel nunca seqüestra. Israel detém.
- Não há "ocupação". Não existem "territórios ocupados". Existem apenas "territórios". ("Schtachim")
- Toques de recolher, prisões, cercos e tiros não interessam à imprensa israelense. Resistência significa terrorismo.
Resumindo, Mendel destaca que "quando se trata de 'segurança', não há liberdade". E quem afirma é um israelense. Não um árabe, não um inglês louco antissemita, não um membro do PSTU.
Antes de atirarem paus e pedras no pobre Bean, leiam o artigo completo. É só clicar AQUI!